#304: Morto-vivo

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Livrai-me senhor
Destas quatro tábuas,
Deste pútrido odor
Que me relembra antigas mágoas.

Ajudai-me a fugir daqui
Sem perder a sanidade,
Pois as unhas eu já perdi
Ao lutar pela minha liberdade.

Livrai-me senhor
Destes vermes sedentos,
Que se alimentam da minha dor
E dos seus próprios excrementos.

Senhor, meu senhor…

Escutai agora
Os meus gritos mudos de horror.
Chegou a hora
Das larvas sentirem o meu sabor.

Sobre mim

"Sou pessoa, Forte e cobarde animal. Grito até que a alma me doa, Clamor de um pecado capital. […] Sou o que nunca fui, Tornei-me no que jamais serei. Nova calamidade que assim flui, Senil promessa que não quebrarei. Sou pessoa, Fútil ser onde o coração ecoa."

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