Pergunta sem rosto

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Se perguntarem por mim,
Digam que cresci…
Digam que aprendi a ver
E que agora que sou assim
Recordarei o que esqueci;
Gritem até ensandecer
Que já não sou mais menina,
Que jamais serei perfeita
E que, no interior, continuo traquina.
Se quiserem saber como estou,
Sussurrem que nada me respeita
Mas que o meu alento voltou;
Procurem onde o meu corpo repousa
E acordem-me com um olhar,
Vazio e frígido como lousa,
Para que eu me possa levantar.
Se perguntarem por mim,
Mostrem como o tempo passou,
Como o silêncio deu lugar ao motim
E divisem que ninguém indagou,
Por muito que parecesse aposto,
Como talvez seria o meu rosto.

Sobre mim

"Sou pessoa, Forte e cobarde animal. Grito até que a alma me doa, Clamor de um pecado capital. […] Sou o que nunca fui, Tornei-me no que jamais serei. Nova calamidade que assim flui, Senil promessa que não quebrarei. Sou pessoa, Fútil ser onde o coração ecoa."

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